Eu vivo lembrando aqui de como era difícil descolar algo novo para ouvir até a primeira metade da década de 90. As fontes de informação eram meia dúzia de revistas de música (Bizz, Rock Brigade e outras menores) e a MTV, que ainda cumpria sua missão de mostrar clipes, ditava as novidades. Às vezes, algum amigo aparecia para mostrar a fita que outro amigo gravou com umas bandas novas.
Se você quisesse ouvir algo diferente, não tinha Google e nem mp3 pra te ajudar. Você tinha que levantar a bunda da cadeira, ir até uma daquelas lojas de disco com um cabeludo com camisa do Megadeth atrás do balcão e perguntar pelas indicações dele. Não tinha como abrir o plástico do CD para ouvir, não tinha como passar código de barras em maquininha para ter uma prévia do disco. Estamos presos em 1995, esqueceu?
O lance era ficar descrevendo pro cara algo mais ou menos parecido com o tipo de som que você queria ouvir. E o sujeito ia até o estoque e trazia alguma coisa diferente para você. Esse disco do Rancid é um marco pra mim, pois, a partir dele, comecei a me desligar das imposições da MTV (tudo bem, o Rancid tinha um clipe na MTV, mas o som deles era sujo demais para estourar). Passei a conversar mais com essa turma de loja de discos. Os caras realmente conheciam o que estavam vendendo.
Sobre o disco, posso dizer que a faixa de abertura,
Maxwell Murder, dá o tom da coisa. O melhor do Rancid é ter um baixista habilidoso, que consegue levantar o som da banda com um, acredite, toque de jazz frenético em meio àquele som sujo.
Depois de escrever esse texto, deu até vontade de visitar aquelas lojas de novo. Mas elas fecharam. Estamos em 2008, esqueceu?

1. Maxwell Murder
2. The 11th Hour
3. Roots Radicals
4. Time Bomb
5. Olympia, Wa
6. Lock, Step, & Gone
7. Junkie Man
8. Listed M.I.A.
9. Ruby Soho
10. Daly City Train
11. Journey To The End Of The East Bay
12. She's Automatic
13. Old Friend
14. Disorder And Dissarray
15. The Wars End
16. You Don't Care Nothin'
17. As Wicked
18. Avenues And Alleyways
19. The Way I Feel