A pontualidade do Kiss pegou muita gente de calça curta ontem. Eu mesmo me vi correndo a duas quadras da Apoteose (acompanhado por alguns fãs da banda e por vários camelôs fugindo dos guardas municipais), pois, às 21:45, o Kiss já estava tocando a terceira música do show, que começara pontualmente quinze minutos antes.
A entrada na Apoteose ocorreu sem qualquer tumulto e, de longe, já dava para ver os telões e sacar a boa potência de som. O lugar devia ter umas 15.000 pessoas. As arquibancadas não foram utilizadas e o público se concentrou mesmo na pista.
Com um show onde cada passo é milimetricamente ensaiado (até porque quem não ensaiar acaba queimado com tantos fogos de artifício saindo de todos os lados do palco), o Kiss teve um convidado que já estava ameaçando aparecer: a chuva. Não uma chuvinha fraca. Era mais como aquela chuva do final de
Matrix Revolutions. Todo mundo molhado até os ossos. E foi no meio desse dilúvio que eu vi uma das cenas mais bonitas em shows até hoje: 15.000 pessoas pulando e cantando embaixo daquela ducha. O Rio tinha virado Detroit Rock City.
Vinte minutos depois, o céu deu uma trégua. O Kiss, não. Eram clássicos enfileirados, solo de bateria, explosões, Gene Simmons cuspindo sangue e tudo o que aquelas pessoas encharcadas queriam ver.
No fim das contas, a Apoteose se consagrou como um ótimo lugar para shows, tendo um excelente som e boa visão até para quem está nas laterais da pista. E o Kiss se consagrou como um grupo com tanta auto-referência que nem precisa apresentar novidades. Ao fim, todos voltaram para casa felizes, cantando o refrão de God Gave Rock N' Roll To You. Noite memorável.