quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Lendo riffs

No fim do ano passado, 3 livros com as biografias de guitarristas importantes na formação do meu interesse por música chegaram às minhas mãos. A escolha de qual livro ler primeiro foi difícil. Acabei voltando ao tempo de moleque lendo primeiro sobre Slash.

O cara foi o guitarrista que me fez querer tocar guitarra e me frustrou no meio do caminho porque eu não tinha interesse em praticar horas de solos e riffs complicados. Eu ainda não sabia que existia música sem solo. Não conhecia o punk rock em 1988... Billy Idol era o que tocava na rádio e Billy Idol é tão punk quanto a minha avó (a cor do cabelo deles é parecida). Em 1988 você só ouvia o que tocava na rádio ou o que estava na vitrola do seu pai ou de algum tio.

Li o livro em praticamente 4 dias. Podia ter terminado em 3 dias, mas desacelerei no final para curtir um pouco mais. Não que o livro seja excelente, mas é que a cada parágrafo, a cada citação a músicas gravadas ou confusões em show, eu fazia uma viagem no tempo. Lembrava de ver fitas VHS com shows bootleg do Guns N' Roses que eram a milésima regravação (a qualidade era uma merda), lembrava das fitas K7 mal gravadas com músicas sendo cortadas no meio. Como era difícil acompanhar uma banda sem a internet e sem o mp3. Mas era muito bom.

Fiquei pensando em como eu achava que as bandas tocavam um setlist diferente a cada noite - o que a internet provou que não é verdade. A maioria das bandas toca quase sempre as mesmas coisas na mesma ordem. Só que, em 1990, a gente não comentava no blog com o cara que foi ontem ao show de Los Angeles pra ele contar com qual música a apresentação começou. Você não via o show de ontem na Bósnia postado no You Tube. Gostar de uma banda te custava uma grana e um pouquinho de dedicação.



Voltando ao livro, achei engraçado ver como o Guns N' Roses funcionava (ou melhor, não funcionava). Como a amizade entre os caras foi se desfazendo e como Axl é um sujeito que vive num mundo à parte, uma realidade só dele. Um mundo onde deixar os fãs esperando e encerrar um show no meio é normal. (Eu disse um mundo só dele? Corrigindo: um mundo só dele, do Tim Maia e da Amy Winehouse).



Li tudo como se fosse uma entrevista de 400 páginas da revista Bizz. Os estereótipos estão todos lá: drogas, sexo com groupies, empresários picaretas, sucesso, merda no ventilador, problemas com a lei. Nada novo, mas quem disse que esse tal de roquenrol tem que ser "algo novo"? Ele só precisa continuar sendo divertido e incorreto.

Os outros dois guitarristas biografados já estão na minha prateleira me esperando. Um deles veio da vitrola do meu tio e arranjou lugar na minha prateleira. O outro acabou com a festa do Slash e do Axl... e sem solos de guitarra. Pra não ter uma overdose com tantas drogas e maluquice, vou alternando uma biografia e um livro sobre outra coisa. Agora estou terminando o "livro sobre outra coisa" e ainda na próxima semana embarco pra Seattle numa viagem bem soturna com o Sr. Cobain.

Depois conto como foi a bad trip.

Um comentário:

Aumenta que isso aí é Rock n' Roll! disse...

Fala meu grande. Realmente em 1988 era muito difícil conseguir adquirir as coisas das bandas. Primeiro pela logística dificílima. Segundo pela eterna falta de grana (bendita seja a intenet nessa hora!). E em 1988 o Guns N' Roses era a maior banda do mundo.

Como é bom reviver histórias dessa época. Sobre as leituras, também venho alternando uma biografia com "uma leitura qualquer". Estou devorando VIDA - Biografia de Keith Richards. E olha, se a biografia da Guns é loucura, pensa na vida que o Keith Richards levou. Insano. Tenso. Vale a pena.

Um grande abraço e um ótimo 2011 pra você e o blog.