No fim do ano passado, 3 livros com as biografias de guitarristas importantes na formação do meu interesse por música chegaram às minhas mãos. A escolha de qual livro ler primeiro foi difícil. Acabei voltando ao tempo de moleque lendo primeiro sobre Slash.
O cara foi o guitarrista que me fez querer tocar guitarra e me frustrou no meio do caminho porque eu não tinha interesse em praticar horas de solos e riffs complicados. Eu ainda não sabia que existia música sem solo. Não conhecia o punk rock em 1988... Billy Idol era o que tocava na rádio e Billy Idol é tão punk quanto a minha avó (a cor do cabelo deles é parecida). Em 1988 você só ouvia o que tocava na rádio ou o que estava na vitrola do seu pai ou de algum tio.
Li o livro em praticamente 4 dias. Podia ter terminado em 3 dias, mas desacelerei no final para curtir um pouco mais. Não que o livro seja excelente, mas é que a cada parágrafo, a cada citação a músicas gravadas ou confusões em show, eu fazia uma viagem no tempo. Lembrava de ver fitas VHS com shows bootleg do Guns N' Roses que eram a milésima regravação (a qualidade era uma merda), lembrava das fitas K7 mal gravadas com músicas sendo cortadas no meio. Como era difícil acompanhar uma banda sem a internet e sem o mp3. Mas era muito bom.
Fiquei pensando em como eu achava que as bandas tocavam um setlist diferente a cada noite - o que a internet provou que não é verdade. A maioria das bandas toca quase sempre as mesmas coisas na mesma ordem. Só que, em 1990, a gente não comentava no blog com o cara que foi ontem ao show de Los Angeles pra ele contar com qual música a apresentação começou. Você não via o show de ontem na Bósnia postado no You Tube. Gostar de uma banda te custava uma grana e um pouquinho de dedicação.
Voltando ao livro, achei engraçado ver como o Guns N' Roses funcionava (ou melhor, não funcionava). Como a amizade entre os caras foi se desfazendo e como Axl é um sujeito que vive num mundo à parte, uma realidade só dele. Um mundo onde deixar os fãs esperando e encerrar um show no meio é normal. (Eu disse um mundo só dele? Corrigindo: um mundo só dele, do Tim Maia e da Amy Winehouse).
Li tudo como se fosse uma entrevista de 400 páginas da revista Bizz. Os estereótipos estão todos lá: drogas, sexo com groupies, empresários picaretas, sucesso, merda no ventilador, problemas com a lei. Nada novo, mas quem disse que esse tal de roquenrol tem que ser "algo novo"? Ele só precisa continuar sendo divertido e incorreto.
Os outros dois guitarristas biografados já estão na minha prateleira me esperando. Um deles veio da vitrola do meu tio e arranjou lugar na minha prateleira. O outro acabou com a festa do Slash e do Axl... e sem solos de guitarra. Pra não ter uma overdose com tantas drogas e maluquice, vou alternando uma biografia e um livro sobre outra coisa. Agora estou terminando o "livro sobre outra coisa" e ainda na próxima semana embarco pra Seattle numa viagem bem soturna com o Sr. Cobain.
Depois conto como foi a bad trip.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Amy Winehouse makes me wanna smoke crack
“Por que você pagaria para me ver numa jaula que alguns chamam de palco?” é a pergunta que saiu do primeiro single do Babyshambles, banda liderada pelo ex-Libertine e atual colega de apartamento de Amy, o doidão Peter Doherty. A frase me veio à cabeça na primeira noite de shows da cantora no Rio. Esses dois devem passar as noites batendo longos papos sobre suas carreiras (com duplo sentido, claro).
A imprensa brasileira imprimiu que Amy é o Tim Maia britânico, que o show dela é imperdível, que ela é genial. Todas as matérias começam do mesmo jeito: falam do talento, das confusões, da oportunidade de volta por cima diante do público brasileiro. Mas o que se viu ontem numa arena lotada estava longe de ser a volta por cima. Foi só mais uma das cambalhotas de uma carreira muito irregular nos palcos.
A voz estava razoável, bem longe da apresentação-desastre em Lisboa. Os tropeços enquanto caminhava pelo palco eram visivelmente ensaiados e foram um tanto ridículos. Sua banda ficou perdida mais de uma vez com os já previsíveis imprevistos. Amy é um personagem que sai do palco a qualquer momento, que pára de cantar para rir e que, na frente de milhares de pessoas, apareceu para cumprir tabela e ficar em cena o mínimo de tempo previsto no contrato que assinou. Depois dos 10 primeiros minutos, tudo foi esquecível.
Assinar:
Postagens (Atom)