Ainda sobre o Nirvana:
A biografia de Kurt Cobain já foi lida faz um tempo, mas só foi digerida agora. É o esforço de Cross, autor de “Mais pesado que o céu”, que torna o livro tão interessante. Horas de entrevistas para recriar os momentos da infância de Kurt, da subida do Nirvana ao topo e a morte intoxicadamente estúpida do canhoto mais transtornado dos anos 90.
Acompanhei todas as fases ouvindo cronologicamente os discos da banda. Além disso, esbarrei no You Tube com vídeos de vários shows que são citados no livro. É muito bom poder ver as gravações caseiras feitas por fãs durante a turnê do álbum Bleach. São imagens que, muitas vezes, surpreendem pela qualidade. O som é embolado, mas dá pra entender o que estava rolando. E o que estava rolando era um grupo prestes a tomar de assalto o mundo todo.
É diferente agora ouvir Nevermind pensando nele como um disco de término, de fim de relacionamento amoroso, ou melhor: um disco de amor unilateral de um cara por uma garota que seguiu em frente. É totalmente diferente do que eu sentia com o disco e é um ponto que vai de encontro ao que Kurt volta e meia afirmava – quase ninguém interpretava corretamente suas letras. Certamente porque suas letras eram o resultado de uma personalidade muito solitária.
Do Nirvana até os dias de hoje a música mudou completamente. A relação das pessoas com as canções está menos apaixonada a cada dia. Mas se engana quem quer vender que Kurt morreu como um mártir, que o amor à música o levou à morte. Isso é papo de quem quer vender camisetas. Mas se alguém ainda quer se apegar a isso como uma razão para amar a música (mesmo que com ares tão trágicos) e precisa acreditar nisso, então que seja. O amor à música não pode morrer. Qualquer desculpa serve.
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