terça-feira, 26 de maio de 2009

A geração que não gosta, mas nunca provou

Do jeito que a coisa anda, o pessoal vai achar que eu sou garoto propaganda da Oi FM. Mesmo assim, vale dar a dica de um ótimo programa de rádio que vai ao ar aos sábados, das 15h às 17h, o Todo Rock. Foi a primeira vez que ouvi e fiquei muito surpreso. Breeders, Franz Ferdinand, Violent Femmes (sério!)... a peteca não caiu nem por um segundo dessas duas horas.

O programa me relembrou o prazer de ouvir rádio à tarde, quando eu era moleque e ficava com uma fita esperando para gravar as músicas de todas aquelas bandas que eu gostava, mas não tinha grana pra conferir.

Hoje em dia, existe uma geração que não faz idéia de como era isso. A surpresa de descobrir uma banda quando você estava esperando para gravar outra. Comecei a gostar do Suede, por exemplo, esperando para gravar Soundgarden. Hoje tem moleque que quer baixar a faixa de sucesso, mas não tem interesse em ouvir o disco inteiro. Não descobre o prazer de dizer que gosta mais de "Drain You" do que de "Smells Like Teen Spirit". É a geração que não gosta, mas nunca provou.

Com o passar dos anos e o emburrecimento do público, as bandas vão ficar com o crachá de uma só música. Os Strokes vão ser a banda do "Last Nite", o Sex Pistols vai ser a banda do "Anarchy in the UK" e por aí vai. As obras de onde saíram esses hinos contra o marasmo não vão significar nada. Mas, pensando bem, a burrice e a desinformação não são exclusividade dos tempos atuais, né?

Ainda bem que ainda existem alguns que nadam contra a pasmaceira e combatem esse povo que cisma em tomar sorvete com a testa. Por um tempo, foi só o Ronca Ronca. Agora tem o Massari, chegou o Todo Rock, Tom Leão e Kid Vinil voltaram com seus respectivos programas pela internet. Sinto que, aos poucos, estamos ganhando nosso espaço de volta.

12 comentários:

Gudrun disse...

Tenho a mesma sensação, q estamos com nosso espaço de volta! Mas fico triste com a galera que antigamente era como a gente e hoje em dia tem preguiça de ouvir todos esses programas novos, perderam o interesse por musica e chamam isso de: ah, vida adulta, tenho tempo pra isso não...
Se fosse assim nossos mestres seriam uns enternos adolescentes.

SS disse...

pqp... nao tenho nem 30 anos e já devo ser considerado um 'coroa'... :(

iga_rio disse...

Fala Atlantic,

Concordo com vc.. essa galera mais nova não sabe o que é pegar um álbum novo e descobrir as faixas.. escutar o cd até gastar. infelizmente eles não sabem o que estão perdendo.

Abraços,

atlantic disse...

Às vezes eu alterno entre me sentir um "velho com menos de 30 anos" e "uma criança que fica afogada em mp3".

A curiosidade em ouvir tantos discos muitas vezes atrapalha a boa relação com o que está tocando. Um disco acaba puxando a referência do outro e você ouve tudo, mas não se prende em nada.

Sem contar que estou ficando meio surdo por causa do fone de ouvido. Nos últimos dias, estou ouvindo muito Bad Religion, Rancid, Operation Ivy e Green Day... Isso não ajuda a proteger os tímpanos.

Charles disse...

Eu tenho um monte de coisa pra falar sobre isso, pois sou um amante do rádio. Mas nesse exato momento estou pregado, é meia noite e vinte. Amanhã prometo fazer.
Abraço!

ZARREF disse...

poxa vida, você foi muito feliz nesse post! Essa é justamente uma das minhas motivações pra criar e continuar tocando o meu blog (Just One More Night). Inclusive no texto que fica numa caixinha verde, sempre ao lado do último post, eu falo justamente sobre isso. Tentar convencer pessoas da minha geração a escutar álbuns completos.
um abraço, Igor
PS.: Só tem lenda do ronca-ronca postando aqui, hein! Tatiana e Charles, muito bem frequentado aqui!

Aumenta que isso aí é Rock n' Roll! disse...

Só uma coisa a dizer: Ainda bem que eu vivi esse tempo... Foram memoráveis, coisas que jamais vamos ver novamente.

E são por essas e outras que tenho o blog, pra divulgar, fazer as pessoas conhecerem e se divertirem como eu e vocês faziam antigamente.

Parabéns pelo post.

Grande abraço

atlantic disse...

Opa... Estou de volta. A vida real andou agitada demais e a virtual precisou ficar um pouco de lado.

- Charles, adoraria ler suas considerações sobre o assunto. Não deixe de mandar seu sempre democrático decreto.

- ZARREF, hoje andei de olho em alguns álbuns em vinil (mas só paquerando, não tenho vitrola). A gramatura da capa, o disco em si, tudo é uma relação sensorial. De toque, de segurar pelas bordas, do medo de arranhar, de danificar. A música já foi tratada com muito mais carinho. PS: só lenda mesmo! Os caras são citados por Mauval quase que semanalmente.

- Brod, eu acho que as coisas são elipticas. Não volta ao mesmo ponto, mas transita pela vizinhança... Cacete, to falando que nem o Caetano Veloso. Puta merda... hehehe

Henrique Kowalsky disse...

Atlantic, algumas revistas estão seguindo a linha do "não gosta, mas nunca provou". Veja abaixo (se a notícia já estiver velha, desculpem):

MAXIM MAGAZINE REVIEWS ALBUM WITHOUT HEARING IT

How is it that a magazine can review an entire album—and assign a star rating to it-without actually hearing the album?

Case in point: the “review” of Warpaint-the new album by THE BLACK CROWES-in the March issue of Maxim magazine. The writer-who has not heard the album since advance CDs were not made available-wrote what appears to be a disparaging assessment anyway, citing “it hasn’t left Chris Robinson and the gang much room for growth.” Incredulously, the magazine gave the album a two and a half star rating-although neither the writer nor the editor could have heard more than one song (the single “Goodbye Daughters of the Revolution”).

When approached for an explanation, the magazine described the review as “an educated guess preview.” Huh?

Black Crowes manager Pete Angelus says, “Maxim's actions seem to completely lack journalistic integrity and intentionally mislead their readership. When confronted with the fact that they never heard the album they are claiming to 'review’ in their music section-with a star rating, no less-they attempt to explain that it was an 'educated guess.' In an email correspondence, Maxim went on to state: ‘Of course, we always prefer to (sic) hearing music, but sometimes there are big albums that we don’t want to ignore that aren’t available to hear, which is what happened with the Crowes. It’s either an educated guess preview or no coverage at all, so in this case we chose the former.’”

Angelus continued, “It speaks directly to the lack of the publication’s credibility. In my opinion, it’s a disgrace to the arts, journalism, critics, the publication itself and the public. What’s next--Maxim's concert reviews of shows they never attended, book reviews of books never read and film reviews of films never seen?”

Fonte:
www.blackcrowes.com/Release_MAXIM.html

Rodriguez disse...

Muito bom, Henrique! Cada dia a coisa fica melhor!!

atlantic disse...

Que coisa mais absurda, Henrique. Não sabia dessa história. E pior é que os caras ainda tentam se justificar. O editor-chefe deve ser a Mãe Diná.

Alex Kühn disse...

Realmente. Uma fita cassete no ponto sempre pra ser disparada a qualquer momento. Ainda tinha que ouvir os chiados das transmissões em ondas curtas da BBC. (Peel Sessions)Foi assim que ouvi happy mondays, Inspiral Carpets e Stone Roses pela primeira vez. Hj, é bem mais fácil.